quarta-feira, 19 de novembro de 2008

regra

A regra convida ao erro.
A regra, raciocínio, subleva contra o coração, contraria a razão do espírito.
A regra, o raciocínio, subverte a ordem do simples.
O livre é a boa regra.
O nada, a não forma de se conduzir, é a conduta.
Pautamo-nos sob helenismos, romanismos, judaísmos.
Cartesianamente somos platônicos.
Aristotélicamente somos cristãos.
Socraticamente somos pitagóricos ou budisticamente somos espíritas.
Vivemos sob uma leva de pensamentos que não conquistamos.
Somos elementos de uma composição.
Somos educados.
Somos levados.
Enquanto isso, enquanto tal, nossa alma se perde em esquemas de condutas.
Nos abandona a pensar como é ser certo.
O ethos se perde em teorias de ética.
A ética busca uma moral inexistente.
A hipocrisia se alia à retórica.
Somos expostos a convites míticos, místicos.
Ao esoterismo castrador da liberdade, exclusor das igualdades.
Somos afastados do exoterismo que inclui o simples, o puro.
Há uma humanidade que continua se construindo sobre as diferenças.
Uma humanidade que continua se afastando do sentido do ser comum.
Até no momento em que a nossa destruição já não se faça vontade.
E não há outra humanidade.
Há somente esta.
Desnecessária, ignorante, soberba, culpada, magoada, vergonhosa, estúpida, hipócrita, safada, filha da própria humanidade.
Então, há um então.
Em nenhum momento conquistaremos outra forma de ser.
Inventaremos tudo o que pudermos inventar, inclusive deuses e santos.
Inventaremos culpas e culpados, penas e penalizados.
Crucificaremos todos os cristos que o tempo e a capacidade de criação forem capazes de criar.
Mas não perderemos a nossa sovinice.
Não perderemos a nossa estupidez.
Continuaremos, até a nossa própria extinção, a exercer nossa estupidez.
Diante de um universo que existe por si só,
que conforma Deus na sua mais absoluta grandeza,
e que por Ele é conformado,
os extinguiremos por nossa própria incapacidade de compreender o quanto somos divinos, pelos simples fato de fazermos parte de uma única ordem,
aquela que não nos convida ao erro.
Ah! Mas o erro faz parte de nós.
Gouches, seguiremos traindo as nossas verdades.
Continuaremos destruindo, e destruindo, e destruindo...
Uma humanidade que come hóstia, bate cabeça, ora, cultua, medita, que se finge de boazinha, mas que continua traindo a própria origem.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Ainda que eu esteja sob os olhares, e que o sol me queime a fronte...ainda quê

O sol anda pleno!
Ainda existe sob ele a angústia, e a elegâNCIA!
Sofre a alma de quem não vê o sol latindo.
O cachorro que late sobre todas as manhãs.
Sofre quem só vê na lua o termo.
Sofre quem não vive sob a lua e quem não entende o sol.
a elegÂNCIA DO SOL!

Passarinho late, peixe voa, cachorro é ácido.
Música, palavra, desequilíbrio, vocÊ, QUASE,caiu na pia.
Deus? Que é? É um cara. Pensamento> nunca tive.

Pensar pra quê?
Arrotar é melhor do que qualquer pensamento.
E peidar ainda cheira.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008



Por muito tempo achei que a ausência é falta. E lastimava, ignorante, a falta. Hoje não a lastimo. Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim. E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços, que rio e danço e invento exclamações alegres, porque a ausência, essa ausência assimilada, ninguém a rouba mais de mim.

claro que isso é desse sujeito aí do lado!

O Lula virou jóia!

Aquele matuto pernambucano, que cá no sul chamamos de jeca, aquele sindicalista, que ainda só sabe falar à sua própria maneira, por mais preparado que tenha sido por seus articuladores, que na opinião daqueles que muitos classificaram como oportunista, virou uma das mais brilhantes jóias da coroa brasileira. Falo daquela verdadeira coroa, que classifica as pessoas que têm atitudes realmente benéficas em relação à condição do nosso país, tanto no cenário interno, quanto no âmbito mundial.
Para mais, sem medo de exagerar, vejo o jeca virando jóia para a humanidade.
Antes de continuar, devo falar de mim, para que a pureza de espírito fique clara.
Nunca fui fã de carteirinha de ninguém, ou idolatrei qualquer pessoa ou situação. Não de passagem, afirmo isso como condição básica do meu pensamento, que também não é o que está aqui em discussão. Portanto, com muito conforto, vejo confirmar uma das minhas primeiras apostas, feitas ainda na adolescência.
Só para informar, devo dizer que nasci no ano seguinte ao golpe militar. Nunca sofri fome, falta de amparo familiar ou quaisquer dificuldades, senão aquelas que busquei por mim mesmo ou as que vida oferta a qualquer um , fortuitamente. Sou filho de uma família de origem pobre. Mas, meu pai soube se virar muito bem e nos situar em uma condição média, muito confortável. Bons colégios, boa alimentação, boa educação, bom lazer, carinho familiar, férias na praia. Tive tudo isso. Enfim, enquanto garoto, nunca passei necessidades materiais e sempre tive uma família organizada e acesso a tudo o que fosse benéfico à minha educação formal e à formação de minha cultura.
Ou seja, sou um exemplo clássico de um filho da burguesia média, que se fez na década de 1970, sob os auspícios do milagre brasileiro.
Então, era de se esperar que eu concordasse plenamente com os mecanismos que me formaram. Contudo, não foi assim.
Tornei-me socialista ainda garoto. Talvez por ter vivido minha infância e adolescência em um bairro (Anchieta/BH) onde as diferenças sociais eram gritantes e por ter um princípio católico incutido desde cedo, quis me rebelar contra o estado das coisas. Lógico que em pleno regime militar isso não era possível.
Contudo, quando o presidente João Baptista Figueiredo, cumprindo uma resolução de seu antecessor, Ernesto Geisel, resolveu promover a “abertura política gradual” e implantou a anistia “ampla, geral e irrestrita”, permitindo que os exilados voltassem ao Brasil e que novos partidos se organizassem, de acordo com ideais até então não admitidos, vi uma possibilidade.
Esta possibilidade começou a se tornar sonho, quando eu tinha cerca de 15 anos.
Para mim não foi um bom tempo estudantil. Minha cabeça andava meio expansiva para a minha necessidade. Acabei trocando um colégio clássico, tido como um dos melhores de Belo Horizonte, por uma escola noturna de formação técnica.
Saí do Santo Antônio e, após um estágio no mal falado Champagnat, fui cursar Telecomunicações na Utramig, uma escola técnica fraquíssima, mas com muita humanidade.
Foi lá que, pela primeira vez, conheci a política e as pessoas que lutavam de verdade.
Naquele tempo, o Brasil vivia o momento de transformação política. Os partidos se reorganizavam e um movimento, que em 1984 se consagrou como o da “Diretas Já”, então começava a se articular. Era o tempo do Ulisses, do Tancredo, do Mário Covas (que, não sei por quê, me lembra muito o Tom Jobim).
Naquele mesmo tempo um sujeito chamado Lula organizava greves de metalúrgicos em um país desabituado a qualquer manifestação política. É preciso lembrar que o Ato Institucional nº 5, o famoso AI-5, era um trauma cujo fim, e início de tratamento, só havia iniciado há menos de dez anos. Também é preciso lembrar que outras manifestações trabalhistas, como a dos operários da construção civil, em Belo Horizonte, feita em 1979, haviam terminado com muita repressão, causando inclusive mortes de operários.
Enfim, naquele tempo a polícia dava muita porretada e as liberdades individuais eram muito poucas. Acho até que, em algum tempo, as tais liberdades individuais só existiam da porta do banheiro pra dentro.
Então Lula começou a se manifestar. Lógico que não sozinho, articulou um partido, que tinha por premissa a defesa dos interesses dos trabalhadores do Brasil.
“Trabalhadores do Brasil”. Era assim que Getúlio Vargas se dirigia ao país, enquanto criava as regras básicas do trabalhismo. Particularmente, acho que Getúlio tem muito de ditadura, me perdoem. Mas a história é cruel. Porém, totalitarismo à parte, Getúlio foi o cara que cunhou o termo “trabalhismo” e valorizou o sujeito trabalhador. Tanto que foi base de criação do “Partido Trabalhista Brasileiro”, o PTB, que Roberto Jefferson preside ainda hoje. Bom...deixa isso pra lá.
Lula foi mais direto. Assistiu com base de ação sindicalista a criação do “Partido dos Trabalhadores”. Putz! Isso para mim cheirava a uma espécie de associação internacional, sem fronteiras, que congregaria todos os princípios trabalhistas. Alguma coisa como o “Partido Verde” tentou fazer sobre o ambientalismo, só que voltado para os interesses sociais dos trabalhadores. Algo mais importante do que a idéia comunista, já em decadência.
O “Sapo Barbudo” se meteu a deputado na constituinte de 1984. O “Sapo Barbudo” era como Leonel Brizola, destituído da coroa trabalhista, preferia chamar Lula, com quem criou briga, por vontade própria e por ter criado desafeto, por vontades deles dois.
Mais tarde tentou, Luiz tentou, uma, duas, três vezes, ser presidente da República Federativa do Brasil. Perdeu três.
Ganhou a quarta. E a quinta.
Sempre votei em Lula? Não. Votei nele em todas, menos em uma.
Da primeira vez que FHzito se candidatou, confesso, me deixei seduzir pela possibilidade do “socialismo democrático”. E não me arrependo.
Fala sério! Socialismo democrático é a Disneylândia de qualquer possibilidade política. E o PSDB prometia a tal da “social democracia” e vinha com um sociólogo, exilado, cheio de França nas idéias, um intelectual, casado com uma acadêmica de primeira ordem, cheia de referências realizadas no âmbito de pesquisas etc. E o cara ainda vinha com bases racionais no liberalismo, com discurso social, em um planeta que se globalizava, e com aquela fala mansa que só vendedor de colchão tem. Putz! Fui seduzido e votei nele! Mas foi só da primeira vez. E não me arrependo. Repito. Pelo contrário.
Aí então o Lula ganhou! Pela primeira vez. Pela primeira vez. E meu votinho tava lá...ganhando junto com ele.
Juro. Não fiquei tão feliz quanto fiquei quando o Brasil foi campeão do mundo, em outras situações. Aquilo era satisfação passageira. O que fiquei foi satisfeito. Muito satisfeito. Tão satisfeito quanto pode uma pessoa começar a ver a dignidade do seu próprio povo começar a se formar diante de seus próprios olhos.
Não é êxtase. É realização madura.
Questão de princípio.
Aí, veio o sapo de novo, barbudo, língua presa, com o mesmo discurso, mas muito mais calcado na experiência, na realização.
Olha! No meu meio fui muito combatido. Mas, como sempre, abri o verbo. Ganhei uns dois ou três votos improváveis. Ganhei muito mais com a confirmação do que penso sobre o futuro de nosso país.
Fui chamado de tudo o quanto há por toda a parcela de minha família que sempre foi muito mais à direita de Deus Pai Todo Poderoso, quanto o próprio Deus. Mais realistas do que o rei, deles ouvi de tudo um pouco.
Para completar, basta dizer que sou atleticano, em um estado quando só o Cruzeiro ganha. Galo é 13. PT é 13. Meu Galo anda do jeito que anda...Gozação após gozação...perdendo. Mas sempre lutando. (Bom, sei que cá nas Gerais o mestre Lula já deu ares de cruzeirense. Fazer o quê? Todo mundo tem defeitos...).

Por dois anos ainda ouvi falácias sobre a administração lulista. Escândalos reforçaram as porradas que tomei.
Porém, agora, vejo todo mundo rindo, dando saltinhos de felicidade, porque o Lula continua lá. Aquela direita que me combatia, hoje só tem elogios. Todo mundo mudou de opinião. O Lula é o cara.
Se eu fosse assumir a condição Caxambau, até começaria a não gostar do sujeito. Mas, o sujeito é o cara. Fazer o quê.
Bom...o cara ta lá. Que bom! Muito bom!

Hoje, na ONU, diante do mundo, aquele matuto pernambucano, aquele jeca, é a jóia mais preciosa que podemos mostrar a um planeta que anda tão carente de opinião sincera, verdadeira, forjada na humanidade.
Perdoa-me, presidente, por falar assim, com tanta intimidade. Mas tenho que dizer pra todo mundo:
O cara tem discurso próprio, conhecimento próprio, rompante próprio, dialética própria, apesar de ter sido tão combatido. Ele é o “Sapo Barbudo”. Ele é o “Lulinha Paz e Amor”. Ele é tudo o que foi dito de bom e de ruim.
Mesmo assim, não discursa revolta. Discursa orgulho por ser brasileiro. Não discursa opinião acadêmica. Discursa vontade de ação. Não discursa ignorância. Discursa, diante dos maiores mandatários do planeta, clareza, força, opinião e capacidade de apresentar soluções.

Nunca idolatrei ninguém, a não ser Deus. Nem vou idolatrar. Porém, me sinto muito feliz por ser brasileiro e ter sempre visto, você, Lula, esse sujeito com os olhos com os quais ainda vejo hoje.
Você é a jóia que sempre foi.
Se Rui Barbosa foi a Águia de Aia, você, senhor presidente, é a Asa Branca da ONU.

Parabéns Presidente!
Parabéns Lula!

Muito obrigado! Estou dignificado por todas as minhas apostas em você.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Cuspiu o dragão

Enquanto a pedra vermelha arde no solo, depois de ter sido cuspida da boca do dragão, será que ela pensa em ficar fria?
Ou a natureza dela é ser quente, vermelha e flamejante.
A condição da pedra fria, cuspida da boca do dragão, que se torna diamante, só acontece após os milênios de resfriamento.
Enquanto isso, o dragão continua expelindo pedras, universo afora.
Cada uma toma um brilho e cumpre uma função.
Não devemos esperar de todas as pedras as mesmas cores.
Ah! Vale dizer que existem aquelas que são expelidas pela bunda do dragão.
E outras, que o dragão simplesmente sua.
Há aquelas que forma cálculos nos rins draconianos.
Existem pedras que nem se formam.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

UDN & PSD...farinha do mesmo saco?

Claro que ninguém se lembra. Porque ninguém se preocupa em se lembrar.
Neste lugar brasileiro, onde o idealismo virou palavrão, ninguém mais se pergunta sobre as origens dos partidos políticos, que já não existem, na verdadeira acepção da palavra.
Partido político deveria defender uma parte ideológica, uma causa, um princípio.
Contudo, isto já não há, nesta bagunça casuística, que fez da política, um exercício sagrado, sinônimo de putaria.
Há uma miscelânea de siglas (são 22 registradas no Tribunal Superior Eleitoral, o TSE...SIGA O LINK PARA VER QUAIS SÃO ... http://www.tse.gov.br/internet/partidos/index.htm).

Porém, devemos nos lembrar sobre um passado muito recente.
Um passado quando havia somente a Aliança Renovadora Nacional, a Arena, e o Movimento Democrático Brasileiro, o MDB. Era o tempo da ditadura militar.

Devemos nos lembrar de antes também, quando a força do PSD, o Partido Social Democrático, fundado em 1945, com princípios opostos ao do PDS, o Partido Democrático Social, fundado em 1980, se opunha à UDN, a União Democrática Nacional, também fundada em 1945, que acabou virando MDB.

O interessante é lembrar que, nesta evolução de siglas, nem sempre a semelhança constitui ideologia.

A UDN virou Arena, que virou PDS, que virou PFL, o Partido da Frente Liberal, que hoje tem o nome fantasia “Democratas”, que recebe o apelido de DEM.

O PSD virou MDB, o Movimento Democrático Brasileiro, que se dividiu, para agradar os militares.

Virou PP, Partido Popular, juntando Tancredo Neves e Magalhães Pinto no mesmo barco, numa união improvável, que se provaria como tal.

O lado mais macho virou PMDB, sob o auspício de Ulisses Guimarães.

Também abrigadas no MDB, surgiram outras sigas. Afinal, no MDB, estavam todas as bandeiras de oposição ao regime militar, favoráveis ao exercício social, que só se reuniam naquela instância por causa da opressão da ditadura militar.

Militarismo é osso. Contra a força não há resistência.

Quando em 1979 João Baptista Figueiredo, cumprindo o projeto de Ernesto Geisel, promoveu a reforma partidária, permitindo o pluripartidarismo no Brasil, o MDB fez sair dele as várias correntes ideológicas: comunistas, socialistas, trabalhistas, nacionalistas....

O Partido dos Trabalhadores, o PT, com identificação ideológica óbvia, foi logo fundado, em 1980. O reconhecimento como partido demorou um pouco para chegar. Dois anos.

Mais tarde o comunismo (vixe Maria, três nomes do pai...afinal, eram comedores de criancinhas...) conseguiu legendas. Dividiu-se entre PCB, Partido Comunista Brasileiro, e PCdoB, Partido Comunista do Brasil, ou último extinto, quando o comunismo globalizante foi pro saco com a União Soviética. Virou PSB, o Partido Socialista Brasileiro.

O nacional socialismo getulista, que se abrigava no PTB, Partido Trabalhista Brasileiro, também viveu uma querela. Ivete Vargas, filha de Getúlio, queria por que queria a legenda. Brigou com Leonel Brizola, que tinha sido exilado. Brizola perdeu a briga e fundou o PDT, o Partido Democrático Trabalhista.

Daí por diante as ideologias se perderam.

Surgiu o PSDB, o Partido da Social Democracia Brasileira, uma grande promessa de pensamento original, que se revelou tão liberal quanto os opositores de direita, ao mesmo tempo em que a direita buscava recomendar preceitos de esquerda.

Virou tudo uma bagunça.

Hoje no Brasil não existem mais partidos. O PT acabou de se entregar. Os partidos de esquerda, trabalhistas, surgidos do PT, ainda estão nos anos 1970. Os de direita estão no mesmo lugar.

Não há para onde correr. Hoje em eleição as opções são personalistas. Não são mais ideológicas, partidárias. Não há “partido”, na verdadeira acepção da palavra.

Puta anda celebrando missa, com todo o respeito às putas, e padres estão se prostituindo, com todo o respeito aos padres.

Acabou a graça. Só há sacanagem. Não há mais nada de idealismo.
Sem pensar em maniqueísmo, UDN e PSD são farinha do mesmo saco.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Será que há espaço para discutir o absurdo?

Hoje em dia Deus se tornou absurdo, em alguns espaços de discussão.
Há um desconforto sobre a admissão de Deus, nas proposições dialéticas. O Cara, que era o melhor de todos, o bam bam bam da bala chita, em outros tempos, hoje foi relegado à condição do absurdo.
Em outros tempos, Deus era a solução para tudo. Para alguns, Ele ainda existe assim. É o espaço da discussão religiosa, que está comprometida culturalmente.
Contudo, a pergunta é: sobre as respostas que a ciência nunca dará, no tempo da existência do indivíduo, que é de poucas dezenas de anos, e de alguns milênios de construção cultural, diante dos bilhões de anos que a realidade acumula, quais são as respostas necessárias para a manutenção da busca, ou fé, que o indivíduo requer, e que poderão ser dadas, neste curto espaço de tempo, que compreende a vida humana?
Jamais a ciência responderá, a tempo, à ânsia do ser.
A fé só dá a esperança.

O sim, o não e o talvez

A proposição maniqueísta sempre pretende a dualidade opositora, as extremidades que não se comunicam. Ou há, ou não há. Ou o sujeito é muito bom, ou é mal para c (#?!*@). Nunca há um meio termo. O sujeito que se propõe ao meio termo é chamado, pela voz da cultura radical, de “meio do muro”, aquele que é um propenso a ser “vira casaca”.
Porém, existem situações que são assim, e devem permanecer assim. São aquelas que configuram a nossa paixão.
Por exemplo, meu, eu sou atleticano (graças a Deus...olha a paixão aí!!), desde que me entendo por gente. Sou assim porque aprendi do meu pai que eu deveria ser assim (outra forma de paixão, graças a Deus). Em 1977, quando o Galo perdeu um título que estava em nossas mãos, dentro do Mineirão, para o São Paulo, eu chorei como se eu tivesse perdido o meu próprio pai. Chorei porque tinha 12 anos e eu era pura paixão. Tive outros desgostos (os cruzeirenses devem estar adorando este meu depoimento), contra o Inter, por exemplo, e para o Corinthians, não faz muito tempo. Agora, nem se fala.
Contudo, com a maturidade, comecei a perceber que eu poderia continuar apaixonado pelo meu time, sofrendo por causa das derrotas, e, muito de vez em quando, vibrando com as vitórias, sem, com isto, comprometer o meu sentido ou o meu caráter.
Outro esporte que acompanho desde moleque, é a Fórmula 1. Muito antes, e mesmo depois, da morte do nosso “herói nacional”, Airton Senna (duuuuuuu Brasil...PQP...aquele chato do Galvão). Domingo passado, quando o carro do Massa estourou, a três voltas do final, juro, meus osso doeram. Juro. Foi como se eu tivesse visto uma pessoa sofrendo uma queda. Coisas de paixão.
Outro dia fui ao Inhotim, quando encontrei nosso colega Gustavo, que trabalha por lá. Tive experiências várias naquele lugar fantástico. Inclusive de paixão.
Sim, os exemplos dados de paixão são muito simples, e, propositalmente, suaves. Graças a Deus. Obviamente, existo sob outras formas de paixões, felizmente, muito saudáveis.
Seculares. Mundanas. Mas, não há outra forma de sobrevivência da paixão a não ser pela secularidade, ou pela forma mundana. A paixão é fruto de conhecimento, de cultura. Graças a Deus! Inclusive aquelas nossas primárias, que nos associam ao sexo, ao sentido de conservação dos que nos são caros e etc.
Abstendo-me de filosofar sobre a própria paixão, por não querer espaço para tanto, nesta situação, e retornando à proposição primeira, que talvez queira propor a observação dos sentidos, após os meus próprios exemplos, eu tentaria observar a razão.
Deveria observar a razão sob a luz da ciência, que é a luz única que a focaliza. O conhecimento mensurado, verificado, comprovado. Em ciência, na forma clássica, não há o talvez. Há o, sobretudo, o “certamente”.
Instalações maniqueístas. A razão e a paixão situadas em lados extremos, que não dialogam entre si.
As religiões, que se apoderaram da fé, um fruto da natureza humana, continuam (também....neste fórum deveríamos falar da própria cultura, da mídia etc.) abastecendo a paixão, por que dela colhem dividendos de poder. A ciência, que se apoderou da racionalidade, continua se abastecendo da razão, porque dela continua buscando os mesmos dividendos de poder.
Porém, enquanto as vaidades se destroem, a verdade se constrói, através dos vasos comunicantes da sociedade.
Quando moleque ainda eu não entendia a dimensão do que eu estava aprendendo em um curso técnico de telecomunicações. Tampouco, mais tarde, numa escola de engenharia, quando me foi dado a saber sobre as situações binárias, que dão a lógica das máquinas eletrônicas que pululam mundo afora.
Zero ou Um. Sim ou não. Comando aberto ou fechado. In ou Off. Coisas assim.
Puro maniqueísmo.
Naquele tempo eu perguntava para os professores: e o talvez?
À lógica binária foi dada a oportunidade de suprir energia para códigos de programação que interpretam o talvez. Porém, no sentido único e exclusivo da física, que constrói as máquinas, estas que pretendiam, por ciência, a conquista de um mercado, nada se fazia, a não ser observar os códigos binários e sobre o que se poderia fazer com eles (putz...estou falando de vinte anos atrás...há muito pouco tempo, se observarmos o tempo de história...).
O talvez foi comunicado por meio do software. A interpretação foi dada por uma situação soft, que supre o hard. Aí se construiu o talvez e as múltiplas possibilidades que hoje abastecem o mundo da informação com mecanismos de processo, comunicação e veiculação de dados de informação.
Uma outra onda que sempre me comoveu (paixão), sobre a qual sempre quis entender (razão), é a do funcionamento dos ímãs. Lembra? Aquela onda do direcionamento dos spins eletrônicos?
Pois é. O ímã é um sacana. Sozinho ele abriga o mais positivo e o mais negativo, e não se destrói por isso. Além disso, lá no meio do ímã, há a transição entre o positivo e o negativo, se pensarmos em termos de força de trabalho. E são esses putos, os ímãs, que produzem, por excitação magnética, a energia que nós consumimos em nosso universo consumista.
A bússola prova que nosso planeta é assim. Só existe porque se equilibra entre o negativo e o positivo.
Ah! Quanta quântica há em nossa observação física ou religiosa?
Pois é. Cansei de escrever abobrinhas e filosofar figurinhas.
Para justificar este texto, meus amigos, minhas amigas, senhores ou senhoras, senhoritas ou senhoritos, eu os convido a vivenciar uma busca.
A partir desta pouca capacidade de expressão, sobre um tema tão vasto, neste texto cheio de erros prováveis, sobre os quais me declinarei, quando me forem apresentados, eu os convido a buscar, nos corações e nos cérebros, nas inteligências espirituais e racionais, nos legados científicos e religiosos, na vivência, enfim, que a cada ser, certamente, foi dada, na forma do que cada um tem de particularmente viver, as respostas que nós, somente nós, podemos dar.
Se estamos aqui, neste curso, é porque buscamos sentidos e respostas, além dos questionamentos.

Então, para não ficar só no tema, gostaria de convidar alguém a discutir o pensamento racional e a espiritualidade.





ncia, que se apoderou da racionalidade, continua se abastecendo da razabastecendo a paix sofrendo uma queda. time, sofrendo pe

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Piadas Velhas

Ah! Que forma desgastante!
Com tantas possibilidades, a Internet, como toda a sociedade, continua ultrajante!
As velhas piadas continuam chegando em Power Point.
E se abrimos, somos obrigados a lê-las, de forma maçante.

Poderia ser diferente,
se as pessoas tivessem o senso de ridículo agente.
Porém, a maioria se serve da comunicação de forma indigente.
E vive se servindo do teclado estupidamente.

As pessoas deixam de lado a cultura,
Aquilo que acredito que é a única forma de ruptura.
Elas buscam o fácil, o riso, o ridículo.
Combinam a inteligência em um cubículo.

Ah! Sob tanta safadeza, sob tanta malandragem,
O que há de se construir nesta humana viagem?


Enfim, de forma simplista,
O fim, assim.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

KARMA

O ocidental se habituou a pensar no karma como alguma coisa relacionada ao destino, ou à predestinação. Houve alguma leitura, em algum tempo, que nos deu o entendimento sobre o karma como se isto fosse uma forma ulterior à existência humana, que dirigisse todas as pessoas a destinos fatais, ou factuais.
De acordo com este pensamento, que é destituído de informação verdadeira, cultural, sobre o que significa o conceito e sobre ao que se refere o símbolo, o karma não pode ser mudado. Pensa-se como se isto fosse uma situação de determinação de vida, imutável.
Portanto, com justiça, o pensamento lógico, racional, o pensamento científico, repudia o pensamento de uma existência kármica. Claro. Não há de se pensar em predestinação.
Contudo, na base do pensamento cultural que elaborou o conceito do karma, na forma original, há uma observação muito mais lógica e racional do que a leitura ocidental preconceituosa antepassada conseguiu descrever.
O conceito de karma não anuncia um destino. Anuncia uma vontade de ação. Antes de pensar no resultado, no que, ignorantemente nós, ocidentais, chamamos “karma”, o conceito original, que originalmente é hinduísta, em primeira instância, e budista e jainista, por assimilação, ele pesquisa a vontade.
Simplificando, karma é a vontade que determina a ação. Como é a ação que determina os resultados (ação e reação – nexo causal), devemos ler que é a ação que determina o destino.
Porém, há algo mais profundo do ponto de vista da ação. Pensa-se sobre o que determina a ação. Uma ação há sob uma decisão. Esta decisão é tomada sob uma série de fatores, inerentes à condição daquele que decide, e que pressionam a vontade de decisão. Então, o karma relaciona-se a, exatamente, aquilo que pressiona a vontade. Aquilo que move a decisão e dispara a ação.
Pode-se se pensar sim em um determinismo do ponto de vista social, como condição favorável. Por exemplo: fulano nasceu em um meio violento, portanto, violento se tornou; uma vez violento, tantas pessoas ele matou. Mas, sabemos nós que, felizmente, várias pessoas nascem em meios violentos e se tornam mentores da paz. Ou seja, não há determinação.
Assim, quero pensar eu, que o karma, aquilo que conduz e que condiz com a vontade, pertence à própria vontade.
O karma é aquilo que impulsiona o sujeito a atravessar a rua na hora errada e fazer com que ele seja atropelado. Ou, em outro instância, é aquilo que faz com que ele vá a uma festa e encontre a mulher da própria vida. Nas duas teses, da desgraça ou da felicidade, cabe ao ser agente a decisão: ao primeiro, atravessar a rua; ao segundo, ir à festa. Nas duas situações, cabe ao sujeito entender quais são os impulsos que deve seguir e quais são as situações que o cercam.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Profecias

Enquanto a flor perdurar sobre o pedúnculo, haverá cor.
O sol brilhará todos os dias, desde que nasça.
A lua sempre brilhará, plena no céu, desde que cheia.
O coração baterá, enquanto houver vida.
Todas as vontades serão satisfeitas, enquanto houver possibilidades.
Os cães comerão carne, enquanto houver vacas para morrer.
As estradas serão de mão dupla, enquanto houver gente para ir e vir.
A catástofre será evitada, enquanto o avião permanecer no ar.
Haverá rock n' roll, enquanto houver usinas que geram energia.
Os peixes nadarão nos lagos, nos rios e nos oceanos, até que eles se encham de bosta.
O ar será respirável, enquanto houver oxigênio.
O amor entre as pessoas existirá, até que ele se extingüa.

Sempre haverá vida antes da morte.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Latência

Quando não há resposta, há latência.
Os pensamentos se tornam oblíquos, buscadores, descontínuos na continuidade.
Conforma-se a percepção do improvável.
Confronta-se a necessidade do desejável.
Há um medo do erro sobre a dúvida.
Há a dúvida sobre o medo.
Quando a resposta não se conforma imediatamente, ela é como o pão que falta.
Faz a fome de continuar a pensar

....do carloscasal...em 2006

!

Por onde andavam minhas sandices e tolices

Por onde andavam minhas tolices e sandices blogueiras?

Por aqui: carloscasal

Nada trema...são apenas dois pinguinhos

Boa essa. O brasileiro, em breve, poderá ficar tranquilo, como o espanhol, desde que o presidente Lula resolva a partir de quando não precisaremos mais ficar tranqüilos. Pode ser a partir de 1º de janeiro próximo. Claro que o assunto já é velho, requentado. Mas, só agora me ocorreu comentá-lo.

Todo mundo já sabe que a reforma da língua portuguesa será feita simultaneamente em Portugal, no Brasil, em Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. A Globo promete transmitir o evento ao vivo, a partir da zero hora do dia 1º de janeiro de 2009, horário de Brasília.

Com ela, a reforma, o “trema”, aquele acento representado por dois simpáticos pinguinhos (se ele existisse aqui, poderíamos pensar em pingüinhos...seriam filhotes de pingüins?...ok...péssimo trocadilho) deixará de existir. Vai se tornar peça de estudo arqueológico. Quando daqui a 20 anos alguém encontrar um texto com o uso do trema poderá se perguntar: “que merda é essa?”.

Eu ainda me lembro de quando “ele” era diferente de “ele”. O primeiro dava nome ao camarada, ao sujeito, o cidadão, o cara, o hôme, o macho. Naquela época se escrevia “êle”. A segunda era muito fêmea, a 11ª ou 12ª letra do alfabeto, dependendo da gente aceitar o “k” ou não na família. Isso acontecia lá pelos anos 1970. Mas agora “ele” ou “L” é tudo igual.

Dizem que a reforma será gradual, ao longo de três anos. Isso se até lá não acabarem também com o circunflexo e com todos os demais acentos.

Ai serao apenas tres anos.

Vida de blogueiro

Essa coisa de blog é inesperada.

No princípio queria receber, de imediato, dezenas de visitas e comentários. Cheguei a tentar uma difusão em spams, enviando o endereço do meu blog para trocentas e tantas pessoas que desconheço. Diga lá, quem não tem um pouco de vaidade? Mas, esta estratégia não tem dado certo. Também, eu não tenho tido saco para levá-la a termo. Desisti disso. Tudo bem. Há quem diga que spam é coisa feia, mal educada. Vamos pela via da boa convivência.

Outra coisa: a indisposição para escrever sempre. Já tive esta experiência antes, em outras tentativas blogueiras, que abandonei. Elas andam perdidas por aí, na blogosfera. Quem sabe um dia eu as garimpe e as resgate para aqui. Mas é isso. Escrever é como vontade de ver as pessoas. Não é a toda hora que a gente tem. Então, nesta minha disposição lunar, que só me ocorre de ciclos em ciclos, não tenho mantido uma freqüência mínima desejável para esse mundão que adora novidades em todos os momentos. Assim, crio umas ilustrações de Paint, para encher espaço, para não dizer "lingüiça" (me contaram que a trema só vai ser expulsa da nossa escrita a partir de 1º de janeiro de 2009...boa essa...vale um post).

Porém, vem o inesperado. Recebi dois comentários que me valeram muito a pena. Um foi o da Celeste Garcia, que disse que eu escrevo bem. Olha aí, a vaidade satisfeita. Outra foi do meu velho camarada Wander Veroni. Não velho pela idade. Mas, já conheço esse garoto há cinco anos, desde os bancos do Uni/BH. Para quem valoriza o tempo, cinco anos é um tempinho bom.
Então, que bom.

segunda-feira, 30 de junho de 2008


Eu estou cheio de blá blá blá.
Esse discurso não é novo nem antigo.
Não me dá cavalo selado, nem alforje,
nem, forçando rima, corte de umbigo.
Mas o fato é que estou de saco cheio de blá blá blá

Há a hipocrisia, que nos acaricia, dia-a-dia.
Ah! A ignorância, que nos traz tanta ânsia.
Há o leso, o ledo e o dedo, que nos apontam tantas culpas.
Há tantas desculpas.

Estes nos perdem nos nosso próprios consumos.
Insumos de uma existência que, nesta forma, nuca será plena.
Há a minha luta para entender, discutir e resolver a condição do sistema.

Que tema!
Só não agüento mais é o blá blá blá.

quinta-feira, 26 de junho de 2008



Assim continua caminhando a humanidade

Há algum tempo abandonei a juventude. Isto quer dizer que abandonei, junto, a busca pela felicidade. Esta busca é coisa própria do jovem, ou daquele que não sabe envelhecer.
Não fiz isso por escolha própria, ou por despeito. Fiz por condição inerente à condição da vida.
Ainda tento preservar um gosto da juventude, mesmo sob os cabelos que insistem em ficar brancos e sob a pele que começa a perder o viço.
Esta é a graça da maturidade, que ao mesmo tempo, é a merda da maturidade. O sujeito conclui, peremptoriamente, que a felicidade é algo que não existe. Por outro lado, conclui que pode ser feliz, vivendo.
Enquanto somos jovens tentamos esta possibilidade da felicidade fortuita entre vários conceitos. Quando abandonamos a juventude, percebemos que, de fato, a felicidade graciosa habita o Pólo Norte, ao lado do Papai Noel. Talvez seja esta a mais tardia das ilusões que abandonamos, no processo de iluminação.
Obviamente, os mais habilitados aos julgamentos filosóficos, por força da função mental e intelectual, se entregam a estes fatos antes deles se concluírem, no processo natural da descoberta. Já vi alguns destes se tornarem amargurados, por tanto.
Contudo, na normalidade, que permite que o gosto engordurado da realidade não fulmine os fígados mais sensíveis, creio que o abandono da felicidade ilusória começa a se processar quando o sujeito percebe que vive cercado de hipocrisia, sob uma série de condições nas quais, em momento algum, no próprio processo de desenvolvimento pessoal, no plano físico, mental e espiritual, a ele foi dada a oportunidade de opinar.
O universo feliz, rosa, ou azul claro, com tonalidades tais que a educação permite, habita, num primeiro instante infantil, nas realizações dos heróis, que vão se implantar na nossa capacidade de discernimento entre o certo e o errado, como a máxima condição de ação.
Mais tarde, a moda, na adolescência, vai moldar os ideais de aparência, que se desenvolvem na rebeldia natural dos grupos que se organizam e idealizam comportamentos.
Depois, um beco escuro, iluminado por janelas opacas, se estende. Repleto de conceitos infantis e adolescentes, o sujeito se depara com o mundo hipócrita, e, portanto, verdadeiro.
Este sujeito custa um outro tanto para poder se aperceber da realidade nova e factual que a ele se abre, sem direito de protesto, por todos os lados.
Boa ou ruim, a realidade se revela, sem pedir desculpas ou licenças.
Quando se apercebe disto, de maneira pura e realista, o sujeito encontra o Nirvana mais distante de si do que há o calor de Copacabana sobre o frio da Sibéria.
Mas é aí que começa uma outra e boa história.
Não há de se ter felicidade. Há de se ter compreensão. O estado da felicidade talvez se confirme na realidade da luta e da compreensão das dificuldades, da dor, do apelo do corpo que caminha para o próprio termo.
Mas, de modo clássico, a isto não poderíamos chamar “felicidade”. A felicidade esta associada às uvas que comeríamos nos céus de todas as culturas. Coitados daqueles quem não gostam de uvas.
Neste instante, o da compreensão, o sujeito abandona o conceito de felicidade, por um outro muito mais pleno, na condição que a ele é dada, para quem não pode ter a alternativa das pujanças da juventude. É o termo do entendimento sobre como, de maneira hipócrita, se processa a existência humana e o entedimento sobre como, diante desta maneira, deve o homem sobreviver limpo e lícito.
Então, como desculpa para viver a plenitude daquilo que já perdeu, o sujeito humano começa a se satisfazer com o entendimento de tudo aquilo que conheceu. Neste tempo do entendimento, tenta ainda aproveitar os ares jovens que se perdem, coadunando-os com a velhice que se anuncia.
É assim que caminha a humanidade.

sábado, 21 de junho de 2008

Finalmente descobriam água em Marte e as empreiteiras já devem estar ouriçadas. Claro!

Quando ouvi a notícia fiquei pensando: nós somos marcianos. Estivemos lá, exaurimos o planeta e achamos um jeito de vir pra cá, pra Terra.

Lá hoje só se encontra a água em vestígios, congelada sob a poeira. Estamos por aqui, exaurindo o planeta, buscando um jeito de nos safarmos da auto-extinção.

Dá pra viajar numa hipótese nada ortodoxa. A humanidade vai fazendo cagada pelo universo afora e apagando as próprias pegadas de destruição. “Eram os deuses astronaustas?”, ou houve a migração de uma casta que contribuiu para a escassez de outros ambientes pelo universo adentro?

Tem muito nó na linha evolutiva humana. Fala a verdade! O elo perdido está guardado em nossas memórias ancestrais. Temos uma ligação danada com o céu. Pode ser que, intimamente, saibamos que viemos de lá, de fora. De onde? Sei lá. Foram apagados os vestígios. Talvez tenha sido preciso criar uma inércia, a fim de favorecer a exploração do terreno novo.

Ser humano é assim. Adora uma novidade, uma moda nova. Esquece de tudo o que veio antes para poder ficar por dentro do que há agora, sem se dedicar a o que virá depois.

Agora é possível pensar que existe uma casta capaz de retomar o projeto de migração, quando por aqui só restar nada. Só não tem esta imaginação quem não assitiu 2001, ou Perdidos no Espaço, ou Jornada nas Estrelas, ou Guerra nas Estrelas.

Porém, vamos combinar: estas fotos poderiam ter sido produzidas em qualquer quintal do Vale do Jequitinhonha, com um pouquino de cal, bicarbonato de sódio ou talco.

Mas, quem sou eu pra contestar a Nasa...

Ah! Que saudade da Islândia...


Todo Caxambau que se preza é um chato por natureza. Afinal, ser do contra não é atitude das mais apreciadas em sociedade. Como assumi esta agradável tarefa, resolvi ser o mais chato possível. O mínimo com as pessoas do meu convívio, às quais dedico o máximo do meu amor, à maioria. Tenho tentado poupa-las da minha chatura ululante. Em contrapartida, para aliviar o meu potencial, resolvi ser o mais chato possível com as prestadoras de serviços que insistem em pisar nos meus frágeis calos consumidores e cidadãos.

Portanto, e para tanto, estou usando, também ao máximo, na medida do meu tempo livre, os meus direitos de cidadania. Quem tem sofrido com isso são os atendentes que, pelo telefone, formam a barreira entre o cliente e as empresas que fornecem serviços.
Por exemplo, vai aí uma querela que abri contra a Vivo.

Acho que há mais ou menos 12 anos, logo quando a telefonia celular veio nos perturbar e nos favorecer aqui em Minas, sou cliente da vendida Telemig Celular. Há oito anos, quase exatos, com a mesma linha. Nunca fui um usuário contumaz da telefonia móvel, uma vez que minha função econômica não exige tanto e minhas relações pessoais são muito mais feitas tête-à-tête do que por meio de qualquer aparato tecnológico.
Porém, humanos e bobos que somos, a gente acaba se rendendo a estes artifícios cômodos e curiosos.

Tentando colocar moral neste meio tecnológico da telefonia celular, há mais ou menos uns tempos a Anatel disse que todos os telefones celulares deveriam ser desbloqueados, podendo, assim, receber o serviço de qualquer operadora do ramo. Há mais ou menos uns meses a Telemig Celular, filha da saudosa Telefônica de Minas Gerais, a Telemig, que por sua vez era filha da Companhia Telefônica de Minas Gerais, a CTMG, e que virou Telemar, que hoje tem o apelido de Oi, virou Vivo.

Há um mês resolvi trocar meu aparelho por um mais modernoso, cheio daquelas firulas que nunca vou usar, mais que é muito mais bacanudo do que o antigo. O bicho tira fotos e filma com qualidade muito boa e faz outras gracinhas. Comprei o danado já desbloqueado, em uma bagatela de promoção quatro mil e quinhentas parcelas, oportunidade que me foi oferecida porque acumulei sei lá quantos pontos e sou cliente diamante. Sei lá por que! Como também não sei o que isso significa.

Acontece que meu outro aparelho, que já tirava umas fotos, mesmo mais ou menos, e filmava pessimamente, mas tinha um tamanho assim, e deslizava o painel assado, é bloqueado por aquela Telemig Celular, que já não existe mais, que virou Vivo...
É aí que enseja o meu exercício quase islandês.

Ao invés de seguir o conselho de amigos que dizem “ você fica aí, perdendo tempo com bobagem” e ir a uma das centenas de oficinas que desbloqueiam qualquer celular por qualquer merreca de vinte reais, ou buscar a solução na Internet, resolvi apelar para a operadora Vivo, buscando o meu direito de consumidor.

Isso ocorreu há uns 60 dias. De lá pra cá já recebi trocentas mil desculpas, eteceterocentas mil justificativas. E o aparelhinho, que desliza pra lá e pra cá, e tira foto meia boca, continua bloqueado. A Vivo diz que o problema é do fabricante. O fabricante diz que o problema é da Vivo. Como sou cliente da Vivo, e não do fabricante, aqui não vou ficar fazendo propaganda pró ou contra ao tal. Seria bobagem.

Pois bem, pela enésima vez, me ligaram-me da Vivo, pedindo código emei, charpei, sansei e não sei. Pela trocentésima vez, passei todos os números que eles queriam. E o telefoninho continua bloqueado.

Ligo quase diariamente para a operadora, reclamando do problema. Já registrei reclamação na Anatel. Já expressei minha indignação com todos os e as atendentes que me ouviram, inclusive com os e as que não me quiseram ouvir. Às vezes me exacerbo e não sou agradável. Só não falo palavrões, uma vez que ninguém merece desrespeito. Mas, não poupo ironia, indignação e energia.

O pessoal de lá já deve ter o meu número colado no monitor e deve se arrepiar quando tem a má sorte de me receber na linha.

De acordo com a operadora o fabricante não reconhece os códigos nissei, nonssei ou emei do meu aparelho. De acordo com o fabricante, eles não têm nada com isso. Uma, a operadora, empurra pro outro, o fabricante, que empurra pra outra, a operadora. Enquanto isso, eu, islandês chato, vou ficando no pé da Vivo, com quem falo por meio dos ouvidos dos pobres coitados dos atendentes, que, nesta altura, já me detestam.

Já me recomendaram: “para com isso Carlos...paga ali, vinte contos e desbloqueia essa merda!”. Mas, o meu interesse não é desbloquear. É reclamar sobre o que deve ser reclamado.
Direito é direito. Ponto. O valor econômico que isso implica não é nada. O que é tudo é o valor moral, ético e cidadão. Se existe uma determinação legal, todos devem cumpri-la. Isto é o que potencializa a organização de um estado digno. O que forma a base deste estado não são as empresas ou as organizações públicas. Somos nós, cidadãos. Se nós, que somos base, não somos respeitados nos nossos mínimos direitos, que merda poderá ser este estado que ainda estamos construindo?

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Anta do consumo


A quem recorrer, se meu telefone não foi desbloqueado,

e se ligo para Anatel e a atendente me deixa mais irado?

A quem recorrer, se o plano de saúde não me respeita,

e se ligo para a ANS e mesmo assim nada se ajeita?

O que devo fazer, se vou a supermercado e vejo produtos vencidos,

e o gerente me diz “Ah! Como estes repositores são esquecidos”?

Como agir, se vou a posto e abasteço com combustível batizado,

e o meu carro para, depois de um quilômetro, com o motor detonado?

E como fica a situação, se pago minhas contas em dia

mas, se tenho o que reclamar, todos me atendem com apatia?

Por favor, alguém me ajude.

Eu já fiz tudo o que pude.

Mas, nada adianta!

Estou me sentindo uma anta!

quarta-feira, 4 de junho de 2008

ABI: 100 anos lutando para que nínguém mude uma vírgula da sua informação

Então...minha irmã vive me mandando coisas muito bacanas e eu as vou publicando aqui.
Vai mais essa da vírgula...que a Associação Brasileira de Impressa, a ABI, publicou em comemoração aos 100 anos da Associação.
Pra quem não tinha visto ainda, vai o registro...

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A vírgula pode ser uma pausa... ou não.

Não, espere.

Não espere.

Ela pode sumir com seu dinheiro.

23,4.

2,34.

Pode ser autoritária.

Aceito, obrigado.

Aceito obrigado.

Pode criar heróis.

Isso só, ele resolve.

Isso só ele resolve.

E vilões.

Esse, juiz, é corrupto.

Esse juiz é corrupto.

Ela pode ser a solução.

Vamos perder, nada foi resolvido.

Vamos perder nada, foi resolvido.

A vírgula muda uma opinião.

Não queremos saber.

Não, queremos saber.

Uma vírgula muda tudo.

ABI: 100 anos lutando para que ninguém mude uma vírgula da sua informação'.

sábado, 31 de maio de 2008

Então tá...a garota preguiçosa prefere pedir do que procurar.

Alguém me perguntou: qual é o site da Reuters?
A resposta deveria ser somente: www.google.com.br.

Mas, como sou de boa vontade, vamos compartilhar com todo mundo:

Da Reuters Brasil é: http://br.reuters.com/
Da Reuters é: http://www.reuters.com/

E, aproveitando o ensejo, vai aí uma dica muito boa para quem curte fotojornalismo:
http://www.news.com.au/gallery/large/0,25692,5027964-5014991-1,00.html

Lá estão as mesmas fotos do slide show que publiquei dias atrás mais outras sensacionais. Ao todo, são 100 fotos da Reuters com ótima resolução.

PMF lançará candidatos em todos os municípios brasileiros


(direto da sucursal de Brasília)

O mais jovem partido brasileiro, fundado no último dia 28, o Pouco Me Fudendo (PMF) promete concorrer nas próximas eleições com candidaturas próprias a todos os cargos, em todos os municípios brasileiros. Esta foi a posição assumida pela secretária geral do partido, a Zebra, em reunião com a imprensa realizada em Brasília, na última sexta-feira.

De acordo com a Zebra, o PMF lançará os candidatos da legenda em uma grande festa, que será realizada no dia 3 de julho, em um sítio em Macacos, região metropolitana de Belo Horizonte.

Alertada pelos jornalistas sobre a impossibilidade de registro de candidaturas após o dia 30 de junho, a secretária foi veemente. “Estou pouco me fudendo. Aguardem-me em 2010”, foi o que ela disse, enquanto posava para os fotógrafos.

De acordo com a assessoria do partido, uma das fotos tirada no dia, a que figura acima, será utilizada como símbolo do PMF.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Assim caminha a humanidade


Às vezes a gente parece o centro de tudo.
Noutras, a gente parece que esta na periferia.
De repente a gente vira órbita.
Noutra hora orbita.
Quando assusta, é orbitado.
Mas o importante é ficar assim,
caminhando por aí.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Sempre (h)a dúvida

Internet é assim...a gente tem acesso a tudo, mas nem sempre pode ter a confimação da veracidade sobre o que é dito.
Assim, sempre surgem pensamentos interessantes, reputados a fulanos ou a beltranos, que não temos como haver, diretamente, a responsabilidade do dito. Isso só seria possível falando com os caras para saber se eles disseram o que dizem que eles disseram...
Autores de boa inteligência vivem se escondendo à sombra de famosos.
Aí, cabe a quem lê buscar confirmação. Será que a frase é do fulano? Será que o texto é do beltrano?

Tem uma frase boa, reputada a Millor Fernandes, publicada na página http://www.oseuguia.com.br/frasescelebres.html, que merece audiência, independente da autoria.

Fique tranqüilo: você pode não estar preparado para a inteligência artificial, mas o computador cada vez está mais preparado para sua burrice natural.

Será que Millor se ateve a isso?

Não, não.

Francis Bacon não foi o cara que teve a idéia de defumar o toucinho do porco.

Tempo bom

Quem se lembra da campanha “Mexa-se”?
E do Juca Chaves cantando “mexa-se, mexa-se, é gostoso pra chuchu...”?
Quem se lembra da frase “Brasil, ame-o ou deixe-o”?
E quem se lembra do complemento que o Pasquim fez pra frase: “o último que sair apaga a luz do aeroporto”?
Quem se lembra da frase “sabendo usar não vai faltar”?
E do “passa ele pai, passa ele”?
Quem se lembra da camisa branca e do short azul, os dois de tergal?
Quem aí teve carteirinha de “Amigo da PM”?
Quem se lembra do Delfim Neto no ministério?
E do Geisel, que era filho de um pastor alemão?
Ah! E quem se lembra do Figueiredo dizendo: “quem for contra a democracia, eu prendo e arrebento”?
E da musiquinha “noventa milhões em ação, pra frente Brasil, do meu coração...”?
Quem lembra da dupla “Cosme e Damião”?
Alguém se lembra da Transamazônica?
E do Riocentro?
Do SNI, alguém se lembra?
E do general Vernon Walters?
E das esmeraldas do Ibrahim?
Alguém se lembra dos contratos das usinas termonucleares?
E do Herzog?
Do Flávio Cavalcanti, alguém se lembra?
E do Marinho?
Pelé, Rivelino, Gerson & Cia., alguém se lembra?
E do Dadá Maravilha?
Do João Saldanha?
E, por falar nisso, alguém se lembra do Zagalo?
Quem se lembra do Emílio?
E do Juca Chaves, de novo, cantando “upa, upa, cavalinho sem medo, leva pra Brasília o presidente Figueiredo...”?
Tempos bons aqueles...

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Fotos Reuters


Reuters2007.


From: carloscasal, 8 minutes ago





Fotos muito interessantes


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Vida de drogado


Não sei se de fato é do Veríssimo.
Mas, mesmo assim, vale a leitura.


From: okuhara, 1 month ago








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terça-feira, 20 de maio de 2008

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Quanto vale a nossa fé?



Vale a pena dar uma olhada neste vídeo, que mostra como o poder econômico pode desconhecer a existência das pessoas, das tradições e da nautreza.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

A lot of asses in the crowd


Tem uma jornalista, que escreve para os jornais O Tempo e Pampulha, aqui em Belo Horizonte, que me agrada muito. É a Bianca Alves, que faz uma crônica no caderno de veículos. Sabe daquelas pessoas com quem, automaticamente, você se identifica? Pois é. Com ela foi assim. Amor desde a primeira crônica.

Ela fala de um jeito livre, como quem conversa num boteco. Isso, sem perder a necessária correção que o jornalismo exige. Sem grandes ares, sem pretensões exageradas, ela dá muito bem o recado para quem gosta do assunto “carro”. E pra quem não está nem aí, também.

Esse é o maior barato da Bianca. Ela comenta o assunto como quem adora, mas entende tanto quanto qualquer motorista mediano. Brasileiro é assim. Tem paixões que não entende muito bem. Aí, entre uma conversa e outra, ela vai dando o recado. Ela compartilha as mesmas ansiedades do motorista. Faz isso sem filosofar na empadinha, como quem sabe muito bem que não conhece todas as verdades. É muito bom ler as crônicas da Bianca.

Dia destes a Bianca estava falando sobre a mesmice com a qual andam os carros pelas ruas. Quando a pessoa fala de coisas comuns, de maneira simples, acaba atingindo o consciente coletivo.

Há algum tempo eu venho reparando nisso. A grande maioria dos proprietários procura cores discretas, que não provocam a atenção. Preto e prata é o que mais se vê.

One more ass in the crowd, dizia a frase em uma casmiseta que vi há muitos anos na Praça 7. Putz! Naquele dia, senti um certo desconforto por me identificar com a frase. Na vida urbana é assim. Todo mundo é mais uma bunda na multidão. E o que é pior: a maioria deseja ser assim. Ser diferente, se destacar, pode ser arriscado. Grande parte prefere o preto e o prata. “É mais fácil vender depois”, justificam.

Em 1972 meu pai teve uma Variant vermelha. Dois anos depois, o carro da minha mãe era um Chevette, também vermelho. Em 1979 minha irmã ganhou um Fiat 147, amarelinho, amarelinho. Anos mais tarde sofri um acidente com o Fitinho, que deu PT. Com o dinheiro do seguro, meu irmão comprou outro 147. 1.300, Rallie, com frente europa. Vermelho! Em 1993 minha mãe teve um Uno. Vermelho! E nesse tempo todo, eu aqui e ali, filando o carro de todos.

É verdade que lá em casa também já teve Vemaguete cinza, Caravan bege, Chevette bege e Gol de um azul metálico bem na dele. Eu mesmo tive um Golzinho BX de cor esquisita, indefinida, que ficava entre um verde, um azul, um cinza e um burro fugido. Mas, o que o povo gosta mesmo é do amarelo, do vermelho ferrari. Gente mais ousada manda até um laranja. Mas, ir até aí eu não me arrisco.

Houve tempo no qual as cores eram muito bem vindas nas ruas. Opalões azuis, Mavericks verdes, Caravans vermelhas, Passats vinhos e outras beldades coloridas eram vistas com mais facilidade andando por aí.

Quando em 1908 Henry Ford lançou o Ford T, inaugurando a produção em série de automóveis, teria proferido a célebre frase: “o cliente pode ter o carro da cor que quiser, desde que seja preto”. O preto então homogeneizou as carrocerias dos veículos por muitas décadas. Um ou outro fabricante topava ousar e lançar alguma coisa diferente. Depois da 2ª Guerra as coisas mudaram um bocado e as cores começaram a chegar às ruas. Hoje em dia parece que todo mundo está pensando de novo igual ao velho Forde e a idéia de que o carro deve ser discreto, de cor insignificante, dá a tônica.

Hoje eu estava descendo para trabalhar, a pé, como convém a quem vive em uma cidade na qual o trânsito é uma merda, e como pode, quem mora relativamente próximo do local de trabalho, e como tem quem que ser, que está sem carro próprio, e notei esse comportamento blasé. Tudo muito igual, tudo muito da mesma cor.

A lot of asses in the crowd.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Laço de fita: review

Volta e meia eu abro meu coração para uma inspeção.
Olho por aqui uns furos, por ali umas cicatrizes.
Felizmente não encontro poeira.
Encontro sim um monte de histórias velhas, que em algum momento achei que meu coração já não guardaria. São histórias bem polidas, bem conservadas, que, de tão brilhantes, ainda parecem novas.
Por isso mesmo, de tão lustrosas que estão, prefiro deixá-las lá, enfeitando o alto da lareira que aquece a minha vida.
Neste ambiente que me é agradável, transito descalço, sem precaução. Sento-me ao chão nos invernos de mim mesmo para aquecer aquilo que a alma chama de espírito. Respiro nas janelas, quando o verão de minha razão me desidrata.
Nestes momentos de apreciação, fixo o olhar sobre um monte de adereços e decorações distribuídas pelas paredes cardíacas.
Dia desses encontrei uma fita. Ela está bem amarrada, bem enlaçada, bem ajustada em um anel que se forma na conexão que existe entre meu coração e minha razão. A fita não tem cor nem forma, não brilha nem absorve a luz. É uma fita simples, mas forte. Consistente. E muito bem enlaçada.
De tão segura que está a fita, sempre por infeliz conveniência, deixo de vê-la, em momentos de soberba.
Mas, ela já parece parte do meu próprio coração. Mesmo quando tento desejar que não.

Ah! Como é bom quando abro esse meu coração despoluído, e nele entro sem medo. Agora é muito bom quando revejo a fita e o laço da fita tão necessária.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Dignidade

Dignidade. Tem gente que profere esta palavra como se falasse sobre um dom, uma coisa sagrada ou um estilo de vida.
Mas o que será, de fato, “dignidade”?
Por definição do dicionário Língua Portuguesa On-line (www.priberam.pt/dlpo) dignidade é:

do Lat. dignitate


s. f.,

qualidade de quem ou daquilo que é digno;
respeitabilidade;
nobreza;
elevação de sentimentos;
pundonor;
seriedade;
honraria;
título;
posto eminente ou cargo elevado;
autoridade moral;
ant.,
dignitário.


Ou seja, considerando a definição, digna é a pessoa respeitável, que tem sentimentos elevados, nobres. É a pessoa séria, honrada, que tem autoridade moral.


A definição ainda permitiria dizer que as pessoas que possuem títulos, ocupam cargos ou postos eminentes são pessoas dignas. Infelizmente, a realidade diz o contrário. No mundo no qual vivemos existem muitas pessoas sem nenhuma respeitabilidade, pessoas completamente destituídas de autoridade moral, que ocupam postos ou cargos elevados. Mas, isso é uma outra história. Em outra instância, existem pessoas humildes, que são donas de extrema dignidade. Mas, isto também é outra história.


O que vale entender é que a dignidade não está, necessariamente, associada a funções que as pessoas ocupam na vida. Claro, existem funções extremamente indignas. Não é possível, por exemplo, perceber dignidade em um traficante. Por outro lado, é preciso verificar se é digno a pessoa contrariar a própria vontade, aquilo que entende como ideal na vida.


De qualquer maneira, é preciso que a pessoa encontre dignidade naquilo que faz. Porém, mais do que isso, é preciso buscar a dignidade do que pode ser feito. É indigno deixar de explorar as potencialidades, deixar de buscar a realização das próprias vontades. Mais ainda, é indigno deixar de garimpar novas oportunidades e a capacidade de realizar as potencialidades.


Meu pai contava a história de um sujeito que fora ser médico para agradar o pai, padre para agradar a mãe e chefe de bandido para agradar a si mesmo. Ou seja, mesmo buscando agradar a sociedade, o sujeito sente a necessidade de agradar si próprio. Mesmo que seja por meio de um exercício indigno de vida. Há pessoas que preferem a indignidade à dignidade.


Porém, é preciso considerar a possibilidade de que os valores elevados de uma pessoa sejam suficientes para movê-la no sentido da busca por feitos elevados. Toda função é necessária. Contudo, se uma pessoa tem a oportunidade de se transformar em um arquiteto, tem dons para ser um arquiteto, e tem o desejo de ser um arquiteto, não há porque esta pessoa permanecer como pedreiro. Nada contra os pedreiros, muito antes pelo contrário. Esta é uma das profissões mais dignas, mais necessárias e mais antigas do mundo. Mas, é preciso entender que o ser humano deve buscar colocar em prática as potencialidades que possui. O arquiteto e o engenheiro civil, por exemplo, nada mais são do que pessoas que tiveram a oportunidade e buscaram alcançar uma potencialidade maior para as habilidades que têm. É claro que muitos só conseguiram um diploma. Mas, isso também é outra história.


Cabe verificar que a oportunidade nem sempre se alcança facilmente. Muitas vezes ela tem que ser extraída a fórceps de uma vida que nem sempre é justa. Não espere justiça da vida, bem diz o meu irmão. Muitas vezes não conseguimos realizar o que desejamos pelo simples fato de não entender o que desejamos. Em muitos casos, só a experiência da vida dará o necessário entendimento. Uma vez entendido, a qualquer tempo, deve haver a dignidade da busca pela realização.


Por outro lado, existem pessoas que desejam as coisas de maneira fácil. Algumas alcançam. Outras permanecem na indignidade de esperar que tudo aconteça, sem esforço. Outras, ainda, nunca acreditam que são capazes de realizar e desistem antes de tentar.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Meia idade até que é legal ou a crise da meia idade dá barato

Agora que eu cheguei à meia idade é que entendi o que é essa tal “meia idade”. A meia idade é a adolescência da velhice. É quando o sujeito é chamado de garoto pelos idosos e de tio pelos garotos.
Num dia eu estava assistindo a uns programas, destes de história, que falavam sobre a Segunda Guerra. Um era sobre batalhas aéreas e o outro sobre o U.S. New Jersey, o último encouraçado, que agora é museu flutuante. As datas que eram mencionadas nos programas eram de vinte e poucos anos antes de eu nascer! Ou seja, um sujeito que nasceu durante a Segunda Guerra tinha vinte e poucos anos quando eu nasci.
Por outro lado, conversando com meus sobrinhos, de vinte e poucos anos, dá para entender que fatos que ocorreram nos anos 1980, quando eles nasceram, que para eles são fatos distantes, parecem ser recentes para mim. O que aconteceu nos anos 1970 para eles é história. Para mim, fez parte da minha vida.
Entendi o que é meia idade. Agora, escrevendo este texto, estou entendendo o que é a tal crise da meia idade.

sexta-feira, 9 de maio de 2008



Esse aí é o Caxambau, quando era menino, passando férias no Tibet.

Tô no PMF

Ai,ai. A raiva é tanta que dá até vontade de rir. Já não é de hoje que venho falando que PT e PSDB sempre foram farinha do mesmo saco. A diferença é que um bebia 51 e o outro bebia Cavalo Branco. Agora os dois estão tomando Johnnie Walker. Blue Label. Não têm bico para Chivas. Mas isso é questão de opinião. Só que o seguinte, os dois trocaram tantos tapas em praça pública que poderiam, pelo menos, disfarçar um pouco o caso patológico que os une.

Eu tive meus tempos de petista. Nunca escondi isso de ninguém. Sabe? É igual quando a gente faz cocô na calça branca. Se não dá pra disfarçar, o jeito é assumir a freada da bicicleta. Putz, também já fiz um monte de merda na vida. Não fosse assim, de que valeria ela ser vivida? Acho graça é da galera que metia o pau no PT e defendida o FHzito e seus asseclas como se tratasse de um caso da Santa Inquisição. Fernando era o papa. O PT era o trono do capeta.

Atualmente sou filiado ao PMF. Pouco me fudendo. Torço pelo PMF. É meu time preferido. Depois vem o galo.

Se esse blog não fosse família eu ia dizer o que queria que políticos, jogadores e dirigentes de futebol fizessem junto com o Ronaldo e com os companheiros(as?) dele de balada no motel.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Do contra

Qual o significado da palavra "caxambau"? Não faço a mínima idéia. Acho que ela não tem um significado preciso, se é que tem algum. É uma daquelas que surgem do nada, pra definir alguma coisa que ninguém sabe o que é. Mas, se alguém tiver alguma resposta, ela será muito bem vinda.

Da minha parte, só sei que o Caxambau era um sujeito do contra, que morava lá na terra dos meus pais. Dores de Campos fica ali, do lado de Prados, entre São João Del Rei e Barbacena, aqui em Minas.

Falar que o cara era do contra é pouco. Ele era muito do contra. Contestava qualquer coisa e qualquer um, só pelo prazer de não concordar. Se o dia estava claro, ele apostava que ia chover. Se estivesse frio, lá estava ele em mangas de camisa. Se estivesse calor, sapecava por cima um paletó e um chapéu. Se falassem que era preto, ele diria que era branco. Se quisessem quente, era frio que ele entregava. Entre os udenistas ele era PSD. Entre os pessedistas, era UDN. Daí, dá para tirar uma idéia.

O sujeito era tão do contra que virou adjetivo. Lá em casa, quando eu era menino, e contestava só pelo prazer de não concordar, meu pai me chamava de Caxambau. Ou de Caxamba, num diminutivo carinhoso. Carinho lá à moda dele. Mas o privilégio não era só meu. O povo lá de Dores, até hoje, tem na ponta da língua a qualificação para quem vive discordando de tudo.

Hoje em dia somos forçados a concordar com tudo, sem discutir. Vivemos a assinar contratos com operadoras de telefonia, com planos de saúde, com consórcios e com o cassete a quatro sem ter a mínima oportunidade de discordar. O contrato já vem pronto. As cláusulas são inquestionáveis. Com uma educação forjada a cursos de (má) capacitação, os atendentes, vendedores, gerentes e outros escravos do sistema nos obrigam a concordar com tudo. Assim faz a imprensa, assim fazem os políticos, assim fazem os empregadores, os fabricantes de produtos, os fornecedores de serviços e todo o resto. Nós, cá de nossa parte, vivemos a dizer amém.

Esse blog (acho que o terceiro ou quarto que tento levar adiante) tem a proposta de contestar,pelo simples prazer de contestar. É uma homenagem ao Caxambau? Sim. Mais do que isso, também é uma homenagem aos meus pais que me apresentaram a história do tal Caxambau. Mais, muito mais, é uma homenagem a quem adora ser do contra, quem adora contestar.