terça-feira, 13 de maio de 2008

Dignidade

Dignidade. Tem gente que profere esta palavra como se falasse sobre um dom, uma coisa sagrada ou um estilo de vida.
Mas o que será, de fato, “dignidade”?
Por definição do dicionário Língua Portuguesa On-line (www.priberam.pt/dlpo) dignidade é:

do Lat. dignitate


s. f.,

qualidade de quem ou daquilo que é digno;
respeitabilidade;
nobreza;
elevação de sentimentos;
pundonor;
seriedade;
honraria;
título;
posto eminente ou cargo elevado;
autoridade moral;
ant.,
dignitário.


Ou seja, considerando a definição, digna é a pessoa respeitável, que tem sentimentos elevados, nobres. É a pessoa séria, honrada, que tem autoridade moral.


A definição ainda permitiria dizer que as pessoas que possuem títulos, ocupam cargos ou postos eminentes são pessoas dignas. Infelizmente, a realidade diz o contrário. No mundo no qual vivemos existem muitas pessoas sem nenhuma respeitabilidade, pessoas completamente destituídas de autoridade moral, que ocupam postos ou cargos elevados. Mas, isso é uma outra história. Em outra instância, existem pessoas humildes, que são donas de extrema dignidade. Mas, isto também é outra história.


O que vale entender é que a dignidade não está, necessariamente, associada a funções que as pessoas ocupam na vida. Claro, existem funções extremamente indignas. Não é possível, por exemplo, perceber dignidade em um traficante. Por outro lado, é preciso verificar se é digno a pessoa contrariar a própria vontade, aquilo que entende como ideal na vida.


De qualquer maneira, é preciso que a pessoa encontre dignidade naquilo que faz. Porém, mais do que isso, é preciso buscar a dignidade do que pode ser feito. É indigno deixar de explorar as potencialidades, deixar de buscar a realização das próprias vontades. Mais ainda, é indigno deixar de garimpar novas oportunidades e a capacidade de realizar as potencialidades.


Meu pai contava a história de um sujeito que fora ser médico para agradar o pai, padre para agradar a mãe e chefe de bandido para agradar a si mesmo. Ou seja, mesmo buscando agradar a sociedade, o sujeito sente a necessidade de agradar si próprio. Mesmo que seja por meio de um exercício indigno de vida. Há pessoas que preferem a indignidade à dignidade.


Porém, é preciso considerar a possibilidade de que os valores elevados de uma pessoa sejam suficientes para movê-la no sentido da busca por feitos elevados. Toda função é necessária. Contudo, se uma pessoa tem a oportunidade de se transformar em um arquiteto, tem dons para ser um arquiteto, e tem o desejo de ser um arquiteto, não há porque esta pessoa permanecer como pedreiro. Nada contra os pedreiros, muito antes pelo contrário. Esta é uma das profissões mais dignas, mais necessárias e mais antigas do mundo. Mas, é preciso entender que o ser humano deve buscar colocar em prática as potencialidades que possui. O arquiteto e o engenheiro civil, por exemplo, nada mais são do que pessoas que tiveram a oportunidade e buscaram alcançar uma potencialidade maior para as habilidades que têm. É claro que muitos só conseguiram um diploma. Mas, isso também é outra história.


Cabe verificar que a oportunidade nem sempre se alcança facilmente. Muitas vezes ela tem que ser extraída a fórceps de uma vida que nem sempre é justa. Não espere justiça da vida, bem diz o meu irmão. Muitas vezes não conseguimos realizar o que desejamos pelo simples fato de não entender o que desejamos. Em muitos casos, só a experiência da vida dará o necessário entendimento. Uma vez entendido, a qualquer tempo, deve haver a dignidade da busca pela realização.


Por outro lado, existem pessoas que desejam as coisas de maneira fácil. Algumas alcançam. Outras permanecem na indignidade de esperar que tudo aconteça, sem esforço. Outras, ainda, nunca acreditam que são capazes de realizar e desistem antes de tentar.

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