segunda-feira, 30 de junho de 2008


Eu estou cheio de blá blá blá.
Esse discurso não é novo nem antigo.
Não me dá cavalo selado, nem alforje,
nem, forçando rima, corte de umbigo.
Mas o fato é que estou de saco cheio de blá blá blá

Há a hipocrisia, que nos acaricia, dia-a-dia.
Ah! A ignorância, que nos traz tanta ânsia.
Há o leso, o ledo e o dedo, que nos apontam tantas culpas.
Há tantas desculpas.

Estes nos perdem nos nosso próprios consumos.
Insumos de uma existência que, nesta forma, nuca será plena.
Há a minha luta para entender, discutir e resolver a condição do sistema.

Que tema!
Só não agüento mais é o blá blá blá.

quinta-feira, 26 de junho de 2008



Assim continua caminhando a humanidade

Há algum tempo abandonei a juventude. Isto quer dizer que abandonei, junto, a busca pela felicidade. Esta busca é coisa própria do jovem, ou daquele que não sabe envelhecer.
Não fiz isso por escolha própria, ou por despeito. Fiz por condição inerente à condição da vida.
Ainda tento preservar um gosto da juventude, mesmo sob os cabelos que insistem em ficar brancos e sob a pele que começa a perder o viço.
Esta é a graça da maturidade, que ao mesmo tempo, é a merda da maturidade. O sujeito conclui, peremptoriamente, que a felicidade é algo que não existe. Por outro lado, conclui que pode ser feliz, vivendo.
Enquanto somos jovens tentamos esta possibilidade da felicidade fortuita entre vários conceitos. Quando abandonamos a juventude, percebemos que, de fato, a felicidade graciosa habita o Pólo Norte, ao lado do Papai Noel. Talvez seja esta a mais tardia das ilusões que abandonamos, no processo de iluminação.
Obviamente, os mais habilitados aos julgamentos filosóficos, por força da função mental e intelectual, se entregam a estes fatos antes deles se concluírem, no processo natural da descoberta. Já vi alguns destes se tornarem amargurados, por tanto.
Contudo, na normalidade, que permite que o gosto engordurado da realidade não fulmine os fígados mais sensíveis, creio que o abandono da felicidade ilusória começa a se processar quando o sujeito percebe que vive cercado de hipocrisia, sob uma série de condições nas quais, em momento algum, no próprio processo de desenvolvimento pessoal, no plano físico, mental e espiritual, a ele foi dada a oportunidade de opinar.
O universo feliz, rosa, ou azul claro, com tonalidades tais que a educação permite, habita, num primeiro instante infantil, nas realizações dos heróis, que vão se implantar na nossa capacidade de discernimento entre o certo e o errado, como a máxima condição de ação.
Mais tarde, a moda, na adolescência, vai moldar os ideais de aparência, que se desenvolvem na rebeldia natural dos grupos que se organizam e idealizam comportamentos.
Depois, um beco escuro, iluminado por janelas opacas, se estende. Repleto de conceitos infantis e adolescentes, o sujeito se depara com o mundo hipócrita, e, portanto, verdadeiro.
Este sujeito custa um outro tanto para poder se aperceber da realidade nova e factual que a ele se abre, sem direito de protesto, por todos os lados.
Boa ou ruim, a realidade se revela, sem pedir desculpas ou licenças.
Quando se apercebe disto, de maneira pura e realista, o sujeito encontra o Nirvana mais distante de si do que há o calor de Copacabana sobre o frio da Sibéria.
Mas é aí que começa uma outra e boa história.
Não há de se ter felicidade. Há de se ter compreensão. O estado da felicidade talvez se confirme na realidade da luta e da compreensão das dificuldades, da dor, do apelo do corpo que caminha para o próprio termo.
Mas, de modo clássico, a isto não poderíamos chamar “felicidade”. A felicidade esta associada às uvas que comeríamos nos céus de todas as culturas. Coitados daqueles quem não gostam de uvas.
Neste instante, o da compreensão, o sujeito abandona o conceito de felicidade, por um outro muito mais pleno, na condição que a ele é dada, para quem não pode ter a alternativa das pujanças da juventude. É o termo do entendimento sobre como, de maneira hipócrita, se processa a existência humana e o entedimento sobre como, diante desta maneira, deve o homem sobreviver limpo e lícito.
Então, como desculpa para viver a plenitude daquilo que já perdeu, o sujeito humano começa a se satisfazer com o entendimento de tudo aquilo que conheceu. Neste tempo do entendimento, tenta ainda aproveitar os ares jovens que se perdem, coadunando-os com a velhice que se anuncia.
É assim que caminha a humanidade.

sábado, 21 de junho de 2008

Finalmente descobriam água em Marte e as empreiteiras já devem estar ouriçadas. Claro!

Quando ouvi a notícia fiquei pensando: nós somos marcianos. Estivemos lá, exaurimos o planeta e achamos um jeito de vir pra cá, pra Terra.

Lá hoje só se encontra a água em vestígios, congelada sob a poeira. Estamos por aqui, exaurindo o planeta, buscando um jeito de nos safarmos da auto-extinção.

Dá pra viajar numa hipótese nada ortodoxa. A humanidade vai fazendo cagada pelo universo afora e apagando as próprias pegadas de destruição. “Eram os deuses astronaustas?”, ou houve a migração de uma casta que contribuiu para a escassez de outros ambientes pelo universo adentro?

Tem muito nó na linha evolutiva humana. Fala a verdade! O elo perdido está guardado em nossas memórias ancestrais. Temos uma ligação danada com o céu. Pode ser que, intimamente, saibamos que viemos de lá, de fora. De onde? Sei lá. Foram apagados os vestígios. Talvez tenha sido preciso criar uma inércia, a fim de favorecer a exploração do terreno novo.

Ser humano é assim. Adora uma novidade, uma moda nova. Esquece de tudo o que veio antes para poder ficar por dentro do que há agora, sem se dedicar a o que virá depois.

Agora é possível pensar que existe uma casta capaz de retomar o projeto de migração, quando por aqui só restar nada. Só não tem esta imaginação quem não assitiu 2001, ou Perdidos no Espaço, ou Jornada nas Estrelas, ou Guerra nas Estrelas.

Porém, vamos combinar: estas fotos poderiam ter sido produzidas em qualquer quintal do Vale do Jequitinhonha, com um pouquino de cal, bicarbonato de sódio ou talco.

Mas, quem sou eu pra contestar a Nasa...

Ah! Que saudade da Islândia...


Todo Caxambau que se preza é um chato por natureza. Afinal, ser do contra não é atitude das mais apreciadas em sociedade. Como assumi esta agradável tarefa, resolvi ser o mais chato possível. O mínimo com as pessoas do meu convívio, às quais dedico o máximo do meu amor, à maioria. Tenho tentado poupa-las da minha chatura ululante. Em contrapartida, para aliviar o meu potencial, resolvi ser o mais chato possível com as prestadoras de serviços que insistem em pisar nos meus frágeis calos consumidores e cidadãos.

Portanto, e para tanto, estou usando, também ao máximo, na medida do meu tempo livre, os meus direitos de cidadania. Quem tem sofrido com isso são os atendentes que, pelo telefone, formam a barreira entre o cliente e as empresas que fornecem serviços.
Por exemplo, vai aí uma querela que abri contra a Vivo.

Acho que há mais ou menos 12 anos, logo quando a telefonia celular veio nos perturbar e nos favorecer aqui em Minas, sou cliente da vendida Telemig Celular. Há oito anos, quase exatos, com a mesma linha. Nunca fui um usuário contumaz da telefonia móvel, uma vez que minha função econômica não exige tanto e minhas relações pessoais são muito mais feitas tête-à-tête do que por meio de qualquer aparato tecnológico.
Porém, humanos e bobos que somos, a gente acaba se rendendo a estes artifícios cômodos e curiosos.

Tentando colocar moral neste meio tecnológico da telefonia celular, há mais ou menos uns tempos a Anatel disse que todos os telefones celulares deveriam ser desbloqueados, podendo, assim, receber o serviço de qualquer operadora do ramo. Há mais ou menos uns meses a Telemig Celular, filha da saudosa Telefônica de Minas Gerais, a Telemig, que por sua vez era filha da Companhia Telefônica de Minas Gerais, a CTMG, e que virou Telemar, que hoje tem o apelido de Oi, virou Vivo.

Há um mês resolvi trocar meu aparelho por um mais modernoso, cheio daquelas firulas que nunca vou usar, mais que é muito mais bacanudo do que o antigo. O bicho tira fotos e filma com qualidade muito boa e faz outras gracinhas. Comprei o danado já desbloqueado, em uma bagatela de promoção quatro mil e quinhentas parcelas, oportunidade que me foi oferecida porque acumulei sei lá quantos pontos e sou cliente diamante. Sei lá por que! Como também não sei o que isso significa.

Acontece que meu outro aparelho, que já tirava umas fotos, mesmo mais ou menos, e filmava pessimamente, mas tinha um tamanho assim, e deslizava o painel assado, é bloqueado por aquela Telemig Celular, que já não existe mais, que virou Vivo...
É aí que enseja o meu exercício quase islandês.

Ao invés de seguir o conselho de amigos que dizem “ você fica aí, perdendo tempo com bobagem” e ir a uma das centenas de oficinas que desbloqueiam qualquer celular por qualquer merreca de vinte reais, ou buscar a solução na Internet, resolvi apelar para a operadora Vivo, buscando o meu direito de consumidor.

Isso ocorreu há uns 60 dias. De lá pra cá já recebi trocentas mil desculpas, eteceterocentas mil justificativas. E o aparelhinho, que desliza pra lá e pra cá, e tira foto meia boca, continua bloqueado. A Vivo diz que o problema é do fabricante. O fabricante diz que o problema é da Vivo. Como sou cliente da Vivo, e não do fabricante, aqui não vou ficar fazendo propaganda pró ou contra ao tal. Seria bobagem.

Pois bem, pela enésima vez, me ligaram-me da Vivo, pedindo código emei, charpei, sansei e não sei. Pela trocentésima vez, passei todos os números que eles queriam. E o telefoninho continua bloqueado.

Ligo quase diariamente para a operadora, reclamando do problema. Já registrei reclamação na Anatel. Já expressei minha indignação com todos os e as atendentes que me ouviram, inclusive com os e as que não me quiseram ouvir. Às vezes me exacerbo e não sou agradável. Só não falo palavrões, uma vez que ninguém merece desrespeito. Mas, não poupo ironia, indignação e energia.

O pessoal de lá já deve ter o meu número colado no monitor e deve se arrepiar quando tem a má sorte de me receber na linha.

De acordo com a operadora o fabricante não reconhece os códigos nissei, nonssei ou emei do meu aparelho. De acordo com o fabricante, eles não têm nada com isso. Uma, a operadora, empurra pro outro, o fabricante, que empurra pra outra, a operadora. Enquanto isso, eu, islandês chato, vou ficando no pé da Vivo, com quem falo por meio dos ouvidos dos pobres coitados dos atendentes, que, nesta altura, já me detestam.

Já me recomendaram: “para com isso Carlos...paga ali, vinte contos e desbloqueia essa merda!”. Mas, o meu interesse não é desbloquear. É reclamar sobre o que deve ser reclamado.
Direito é direito. Ponto. O valor econômico que isso implica não é nada. O que é tudo é o valor moral, ético e cidadão. Se existe uma determinação legal, todos devem cumpri-la. Isto é o que potencializa a organização de um estado digno. O que forma a base deste estado não são as empresas ou as organizações públicas. Somos nós, cidadãos. Se nós, que somos base, não somos respeitados nos nossos mínimos direitos, que merda poderá ser este estado que ainda estamos construindo?

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Anta do consumo


A quem recorrer, se meu telefone não foi desbloqueado,

e se ligo para Anatel e a atendente me deixa mais irado?

A quem recorrer, se o plano de saúde não me respeita,

e se ligo para a ANS e mesmo assim nada se ajeita?

O que devo fazer, se vou a supermercado e vejo produtos vencidos,

e o gerente me diz “Ah! Como estes repositores são esquecidos”?

Como agir, se vou a posto e abasteço com combustível batizado,

e o meu carro para, depois de um quilômetro, com o motor detonado?

E como fica a situação, se pago minhas contas em dia

mas, se tenho o que reclamar, todos me atendem com apatia?

Por favor, alguém me ajude.

Eu já fiz tudo o que pude.

Mas, nada adianta!

Estou me sentindo uma anta!

quarta-feira, 4 de junho de 2008

ABI: 100 anos lutando para que nínguém mude uma vírgula da sua informação

Então...minha irmã vive me mandando coisas muito bacanas e eu as vou publicando aqui.
Vai mais essa da vírgula...que a Associação Brasileira de Impressa, a ABI, publicou em comemoração aos 100 anos da Associação.
Pra quem não tinha visto ainda, vai o registro...

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A vírgula pode ser uma pausa... ou não.

Não, espere.

Não espere.

Ela pode sumir com seu dinheiro.

23,4.

2,34.

Pode ser autoritária.

Aceito, obrigado.

Aceito obrigado.

Pode criar heróis.

Isso só, ele resolve.

Isso só ele resolve.

E vilões.

Esse, juiz, é corrupto.

Esse juiz é corrupto.

Ela pode ser a solução.

Vamos perder, nada foi resolvido.

Vamos perder nada, foi resolvido.

A vírgula muda uma opinião.

Não queremos saber.

Não, queremos saber.

Uma vírgula muda tudo.

ABI: 100 anos lutando para que ninguém mude uma vírgula da sua informação'.