quinta-feira, 24 de julho de 2008

KARMA

O ocidental se habituou a pensar no karma como alguma coisa relacionada ao destino, ou à predestinação. Houve alguma leitura, em algum tempo, que nos deu o entendimento sobre o karma como se isto fosse uma forma ulterior à existência humana, que dirigisse todas as pessoas a destinos fatais, ou factuais.
De acordo com este pensamento, que é destituído de informação verdadeira, cultural, sobre o que significa o conceito e sobre ao que se refere o símbolo, o karma não pode ser mudado. Pensa-se como se isto fosse uma situação de determinação de vida, imutável.
Portanto, com justiça, o pensamento lógico, racional, o pensamento científico, repudia o pensamento de uma existência kármica. Claro. Não há de se pensar em predestinação.
Contudo, na base do pensamento cultural que elaborou o conceito do karma, na forma original, há uma observação muito mais lógica e racional do que a leitura ocidental preconceituosa antepassada conseguiu descrever.
O conceito de karma não anuncia um destino. Anuncia uma vontade de ação. Antes de pensar no resultado, no que, ignorantemente nós, ocidentais, chamamos “karma”, o conceito original, que originalmente é hinduísta, em primeira instância, e budista e jainista, por assimilação, ele pesquisa a vontade.
Simplificando, karma é a vontade que determina a ação. Como é a ação que determina os resultados (ação e reação – nexo causal), devemos ler que é a ação que determina o destino.
Porém, há algo mais profundo do ponto de vista da ação. Pensa-se sobre o que determina a ação. Uma ação há sob uma decisão. Esta decisão é tomada sob uma série de fatores, inerentes à condição daquele que decide, e que pressionam a vontade de decisão. Então, o karma relaciona-se a, exatamente, aquilo que pressiona a vontade. Aquilo que move a decisão e dispara a ação.
Pode-se se pensar sim em um determinismo do ponto de vista social, como condição favorável. Por exemplo: fulano nasceu em um meio violento, portanto, violento se tornou; uma vez violento, tantas pessoas ele matou. Mas, sabemos nós que, felizmente, várias pessoas nascem em meios violentos e se tornam mentores da paz. Ou seja, não há determinação.
Assim, quero pensar eu, que o karma, aquilo que conduz e que condiz com a vontade, pertence à própria vontade.
O karma é aquilo que impulsiona o sujeito a atravessar a rua na hora errada e fazer com que ele seja atropelado. Ou, em outro instância, é aquilo que faz com que ele vá a uma festa e encontre a mulher da própria vida. Nas duas teses, da desgraça ou da felicidade, cabe ao ser agente a decisão: ao primeiro, atravessar a rua; ao segundo, ir à festa. Nas duas situações, cabe ao sujeito entender quais são os impulsos que deve seguir e quais são as situações que o cercam.

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